Roberta Setimi
Jornalismo esportivo: a importância de traçar um plano - Parte II
(Dica: tá sem tempo? Para uma "leitura express", vá direto nas frases destacadas!)
Uma querida amiga, companheira de estágio na Globo.com lááá no início dos anos 2000, sempre repetia: "Fiz jornalismo para ser apresentadora do Fantástico". Ela não conhecia ninguém na emissora, precisava trabalhar para se sustentar e, ainda assim, falava isso com aquela tranquilidade no olhar de quem sabia que seria apresentadora da Globo (risos). Essa autoconfiança me impressionava e me intrigava. O que eu ainda não tinha percebido é que um objetivo claro na mente pode operar milagres na nossa trajetória. Essa amiga, por exemplo, não deixou que nada a desviasse do caminho. Nem mesmo uma oferta bem melhor de emprego, fora da televisão, quando nem vídeo ela fazia. Ela acreditou DE VERDADE. Ainda não apresenta o Fantástico, mas vou te dizer que não está assim tão longe não... (fico por aqui para respeitar a privacidade da minha personagem não-fictícia).
Eu não tinha essa confiança toda, mas tinha o mesmo foco. Quando decidi fazer a prova para a Globo.com (para um estágio numa área X), já comecei a armar meu plano mirabolante para chegar à editoria de Esportes. Depois de aprovada, na primeira oportunidade, lá fui eu pedir para a responsável do RH me ajudar com uma transferência interna. Tive que convencê-la (e também minha chefe direta) que o Esporte era mais o meu perfil. Quando a vaga surgiu, fiz mais uma prova, outra entrevista e, finalmente, consegui.

Maaas... ainda era estagiária. E quando me formei, não havia vaga na editoria de Esporte. Acabei sendo contratada em outra área (onde fui muito feliz, diga-se de passagem). Não havia desistido de seguir carreira no jornalismo esportivo. O plano estava apenas temporariamente suspenso, já que acabei me adaptando muito bem à nova função (produzir/conduzir entrevistas ao vivo na internet). Quando achei que era hora de voltar ao projeto original, sabe o que ajudou muito? Um blog. Parecido com esse. Com textos sobre a vida e sobre futebol.
Chefes de redação começaram a notar meu trabalho. Meus posts nem tinham muitos views, mas chamaram a atenção de pessoas-chave. E isso foi suficiente. Quando se compartilha o trabalho na internet (serve também para posts pessoais), gente que você nem imagina pode estar olhando. Por isso, faça sempre seu melhor. Quando surgiu uma vaga no Globoesporte.com, consegui ser transferida de volta para o esporte. Dessa vez, como jornalista estabelecida (e não mais estagiária).
Essa é a minha deixa para a dica mais valiosa desse post: procure as pessoas certas para mostrar seu trabalho. Muitos estudantes ou novos jornalistas mandam mensagens, via email ou redes sociais, para os profissionais que eles conhecem do vídeo (repórteres, apresentadores). E, na grande maioria das vezes, essas pessoas não são responsáveis por equipes e muito menos têm o poder de contratar. Não são elas que chefiam as redações. Vale descobrir quem são "os comandantes do barco" (editores-chefes, chefes de redação, etc), acompanhá-los nas redes sociais, pesquisar bastante sobre o estilo de chefia de cada veículo, interagir com perguntas inteligentes e, quem sabe, conseguir marcar uma entrevista sobre os desafios da profissão? Pode ser uma porta de entrada. Às vezes, para receber um sim, basta pedir. Os caminhos são muitos. Mas é preciso traçar um plano. Emprego (ou estágio) nenhum cai do céu.
Dei um "até logo" ao jornalismo esportivo depois das Olimpíadas do Rio com sensação de missão cumprida. Atualmente estou trabalhando como repórter colaboradora da Globo Internacional aqui no Canadá e tem sido uma experiência incrível (conto mais em breve).
Espero que as dicas estejam sendo úteis! Gostaria muito de saber a sua opinião sobre os textos e ler sobre a sua experiência. Posso contar? Aguardo a sua mensagem.
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